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domingo, 29 de abril de 2012

Vícios

Vícios, no sentido em que os entendemos melhor. Os primeiros que nos vêm à cabeça quando pensamos nesta palavra. Aqueles que “toda a gente” tem, aqueles socialmente aceites.

Poucas coisas com as quais convivo diariamente chocam tanto com os meus princípios como estas. E magoa-me – magoa-me de morte – ver que as pessoas que mais amo não conseguem passar sem elas. Gente que, por regra, precisa de três cafés por dia para conseguir acordar, de um maço de tabaco para conseguir estar, de um barril de álcool para se conseguir divertir, de um charro para conseguir criar! Não falo de casos isolados em que, uma vez sem exemplo, alguém se socorre deste tipo de substâncias para libertar a mente e se divertir (algo que considero salutar, e algo em que eu própria não sou completamente inocente), pois vejo isso como ir a um parque de diversões um dia, e voltar para casa depois, contente com a experiência mas com a plena consciência de que a vida real não é assim e de que não faz sentido ir lá todos os dias. Não falo disto, falo de NECESSIDADE, falo de recorrência, de rotina, de dependência. 

Talvez se perguntem porque é que isto me incomoda tanto. E para responder a isto, o que não faltam são motivos por onde pegar, mas nem vou pelas questões mais básicas que estes problemas levantam, como as consequências para a saúde, ou o desperdício de dinheiro que, muitas vezes, nem é de quem o gasta, mas sim dos pais - o que, por si só, já deveria dar um bom peso na consciência -, pois são assuntos já muito batidos, e além disso nem são os que me incomodam mais. O que me fere mais é um pouco menos óbvio, é o rebaixamento que isto representa na dignidade de alguém. O que será esta necessidade se não uma auto-humilhação, a extrema cobardia, o boicotar das próprias capacidades do indivíduo, o não conseguir ser alguém por si mesmo? O que será isto se não a total falta de auto-confiança e auto-controlo? O que será isto, se não a extrema falta de brio?
É esta descrença no estado natural do ser humano que eu abomino. É esta suposta ascensão a um estado superior que eu vejo como uma descida ao nível mais baixo de degredo psicológico que pode haver. É isto a que eu chamo desonestidade intelectual e de carácter. É uma máscara, uma muleta, um artifício. Não é ser, é fingir. Não é ter, é usar. Não é viver, é entrar num estado induzido. 

Eu não quereria isto para a minha vida, eu teria vergonha de ser assim. No entanto, tal como tudo na vida, são opções; e as opções, cada um as toma para si. Longe de mim pedir a alguém que deixe de fazer o que quer que seja que o faça sentir bem, por mais que ame e me preocupe com essa pessoa. Tenho o dever de respeitar os outros e de não interferir nas suas escolhas, desde que estas não tenham efeitos que recaiam sobre mim. No entanto, não consigo deixar de me sentir revoltada e triste com aquilo que se passa à minha volta, não consigo deixar de sentir pena, nem consigo deixar de me sentir incomodada e preocupada, sobretudo quando vejo isto a acontecer a alguém que para mim é tudo.

Tenho a noção de que, com esta posição perante este tema, pertenço a uma minoria na minha geração. Tenho a noção de que, ao publicar uma opinião assim, alguém vai ter vontade de me apedrejar, de dizer que sou antiquada e ingénua. E estou consciente de que muitas pedras vão chover. Queria pedir, portanto, a quem tiver uma opinião contrária que não se limite a descarregar contra o que eu disse, mas que me ajude a compreender o seu lado. Agradecia imenso. Acreditem que isso iria melhorar bastante o meu dia-a-dia e me ajudaria a lidar melhor com algumas pessoas e situações.



E vocês, o que acham disto?



(Algumas respostas aqui.)

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